Agnelo, que não explicou à Justiça a compra de sua mansão, também não consegue explicá-la à CPI; a casa era de empresário beneficiado por ato da Anvisa quando ele era presidente
15/06/201213/06/2012 Ã s 16:02
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, já teve a chance de explicar a Justiça como comprou a mansão em que mora, hoje avaliada em R$ 4 milhões. Não conseguiu — como deixou claro a própria Justiça. Hoje, indagado por parlamentares de oposição, teve a chance de dar explicações convincentes. Não conseguiu de novo. Segue uma síntese do caso, feita Pela VEJA Online.
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Apesar de negar a existência de irregularidades na compra da casa onde vive, uma mansão de 550 metros quadrados em uma área nobre de Brasília, o governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, se enrolou ao não comprovar a origem dos recursos que permitiram a aquisição do imóvel. O petista, que depõe à CPI do Cachoeira nesta quarta, pagou 400 000 reais pela casa em 2007. Um ano antes, ele havia declarado à Receita Federal ter um patrimônio de apenas 224 000 reais.
Agnelo, que fala à CPI nesta quarta, processou os jornalistas que fizeram reportagem sobre a venda da casa. Durante o processo, o petista foi instado pela Justiça a apresentar sua declaração de imposto de renda que poderia comprovar a origem dos recursos usados na transação. O petista se negou: mostrou apenas os comprovantes de que havia entregue sua declaração do imposto de renda. “Esses extratos não demonstram sequer que a aquisição da casa foi incluída nas declarações de IRâ€, afirmou a juíza Priscila Faria da Silva.
A magistrada condenou o governador a pagar 3 000 reais aos jornalistas. À CPI, Agnelo prometeu comprovar a origem dos recursos usados na compra do imóvel: “Isso será reparado absolutamente. Vou fazer issoâ€, disse. Agnelo afirmou ter renda familiar suficiente para adquirir a casa com um ano de economias.
De quem era a casa?
O antigo dono do imóvel, o empresário Glauco Santos, é dono de uma empresa que, meses depois da transação, foi beneficiada por um ato assinado diretamente por Agnelo – então diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária: o petista firmou a permissão de funcionamento da companhia de Glauco.
Agnelo não vê problema em ter referendado o ato: “É um atestado absolutamente simplesâ€, disse. Glauco Santos também se transformou em sócio da mãe e da irmã de Agnelo em franquias de restaurantes. O petista acha tudo normal. “É uma relação privada, empresarialâ€, afirmou.
Além da falta de comprovação da origem dos recursos, a transação chama a atenção pelo valor: os 400 000 reais não são, nem de longe, suficientes para pagar um imóvel semelhante ao do petista na mesma região. Agnelo disse não saber quanto vale, hoje, a mansão. “Não sei, não sou corretorâ€, respondeu ele, secamente, quando questionado pelo deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).
Por Reinaldo Azevedo