O mundo dá voltas …

27/08/2012 0 Por Tieza Vereadora

Artigo de Thelma de Oliveira, Presidente Nacional do PSDB Mulher

Foto: George Gianni

Nas salas reservadas do Palácio do Planalto a presidente Dilma Rousseff costuma rotular os grevistas servidores públicos federais de carreira de Estado de “sangue azul” porque, em tese, receberem bons salários, os maiores da administração pública federal.
É um preconceito e uma discriminação injustificáveis partindo de uma Presidente da República que fez carreira profissional no funcionalismo público, que no PT sempre apoiou as lutas sindicais e que coloca os demais servidores num patamar inferior na escala de valores.

Não deixa de ser irônico ver a presidente Dilma Rousseff às voltas com greves promovidas por sindicatos e federações filiadas e comandadas pela Central Única de Trabalhadores, a CUT, que atacou duramente os oito anos do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso.

Talvez a duração da greve, de mais de um mês, e sua massiva participação dos servidores de carreira de Estado e de mais de 30 categorias tenham provocado na atual Presidente da República um momento de insensatez antidemocrática, questionando inclusive o justo direito deles reivindicarem aumento salarial e melhores condições de trabalho.

Afinal, essa foi a cartilha petista durante anos, de onde surgiu o PT até chegar ao Palácio do Planalto, realizando greves, invasões e campanha do tipo “Fora FHC”, no mês seguinte à derrota eleitoral de 1998.

Conquista da luta pela redemocratização do País, consolidada na Constituição-Cidadã de 1988, o direito de greve do servidor público ainda não está regulamentado, também, por intransigência e teimosia do PT.

No governo Fernando Henrique houve uma tentativa, que foi barrada pelo partido da presidente Dilma, pelas centrais sindicais e pelos opositores de plantão, demagogos que buscavam apoio sindical nos momentos eleitorais. Hoje, no Governo, pregam punições, corte de ponto e de salário…

Mas, como o mundo dá voltas, já temos quase dez anos de governo petista na Esplanada dos Ministérios e nenhuma Medida Provisória ou mesmo projeto de lei foi aprovado pelos três governos petistas que se sucederam, e que sempre dispunham de maioria parlamentar no Congresso Nacional.

Agora, com policiais federais, auditores fiscais, professores universitários, policiais rodoviários federais, Anvisa, analistas do Banco Central, da aduana, em greve, o governo petista mira os servidores de “sangue azul”.

A presidente Dilma esquece que se esses servidores “de sangue azul” conquistaram esses salários, eles não podem ser crucificados publicamente, até porque boa parte desses valores foi concedida em reajustes nos governos petistas.

Mas, claro, admitir isso seria admitir que a gestão do ex-presidente Lula que contava com a decisiva participação dela, não planejou corretamente os reajustes e nem o impacto da massa salarial do funcionalismo federal nas contas públicas.

Chorar leite derramado, não adianta. O mundo é redondo e dá voltas, como ensina a atual realidade política brasileira. Proposta boa para resolver a importante questão da regulamentação de greves também não falta.

O senador paulista pelo PSDB, Aloysio Nunes, por exemplo, apresentou um projeto de lei que garante as greves dos servidores públicos, estabelecendo regras para o procedimento legal do movimento, e de critérios mínimos para a prestação de serviço público.

É uma boa oportunidade para o governo rever sua postura e começar a discutir, seriamente, a monumental greve dos servidores públicos federais que prejudica a vida dos cidadãos nas rodovias, nos aeroportos, nos portos e no fornecimento de remédios vitais para alguns tratamentos.